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Lixo da ecobarreira do Dilúvio será reciclado


O arroio Dilúvio, em Porto Alegre, pode parecer um esgoto a céu aberto, mas envolve, além de material orgânico, muitos resíduos recicláveis. Grande parte tem sua triagem inviabilizada devido à mistura com substâncias químicas e biológicas, mas estudo realizado pelo Instituto Safeweb e pela Braskem revelou que de 15% a 20% do material recolhido na ecobarreira pode ser levado para reciclagem nas unidades de triagem. A ecobarreira evita, anualmente, que em torno de 150 toneladas de lixo acabem parando no Guaíba.

O estudo em questão levou oito meses para ser concluído, tempo no qual foram separados materiais com potencial de reciclagem e amostras do lodo existente no arroio. A ideia de reciclar, no entanto, existe desde a instalação da ecobarreira, há quase três anos, mas havia a preocupação de que substâncias químicas e orgânicas tivessem componentes tóxicos perigosos de se levar para as unidades de triagem. "Os resultados são muito bons. Vamos conseguir reciclar o lixo, gerando renda e impacto positivo nas sociedades formadas por pessoas que vivem desse tipo de material", celebra o presidente do Instituto Safeweb, Luiz Carlos Zancanella Junior.

O estudo verificou que, dos resíduos existentes no arroio, há um potencial de reciclagem de 15% a 20%. Além disso, a pesquisa também assegurou que os metais e os poluentes orgânicos persistentes e microbiológicos são encontrados em níveis abaixo do considerado de risco pelas normas técnicas relacionadas ao meio ambiente.

O modus operandi seguirá o mesmo - no final do Dilúvio estará a ecobarreira, que barrará o lixo que iria para o Guaíba, mas, em vez de o material ser levado integralmente para um aterro sanitário, terá parte dele separada e levada para uma unidade de triagem. A estimativa é que o volume a ser encaminhado represente 4% do lixo manipulado atualmente pelas unidades de triagem, gerando 4% a mais de ganho econômico, algo em torno de R$ 3,2 mil a mais por mês.

O diretor de Relações Institucionais da Braskem no Rio Grande do Sul, João Freire, relata que a empresa sempre buscou contribuir com a logística reversa, fazendo o ciclo correto das embalagens, para que retornassem para a economia. A meta da empresa é reciclar, reutilizar ou recuperar todas as suas embalagens até 2040. Logística reversa é o processo que trabalha o retorno dos resíduos do cliente para a indústria - ordem contrária à da produção e venda dos produtos.

O secretário municipal do Meio Ambiente, Maurício Fernandes, revela que a pasta lançará em 2019 um edital na área de logística reversa, para que toda empresa que coloque um produto no mercado tenha uma maneira de dar destino adequado a embalagem e volte para a reciclagem. "É preciso que esse produto retorne à origem, para que não ocupe mais um lugar no planeta, indo para o aterro, em vez de se transformar em matéria-prima para outro produto", explica.

Fernandes salienta que trata-se de uma iniciativa inovadora da prefeitura, uma vez que não há registro de outro município no Brasil que desenvolva um trabalho desse gênero. Acordos setoriais desse tipo já foram assinados em nível estadual e nacional.

De acordo com o secretário municipal de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário, o Dilúvio denuncia uma falta de cuidado histórica da população e do poder público com o meio ambiente, uma vez que recebe esgoto e lixo vindos, muitas vezes. de locais irregulares de moradia na cidade. A falta de cuidado com o meio ambiente também é sentida por Rosário em outros contextos, como a colocação, em novembro, de 45 contêineres de lixo reciclável no Centro Histórico, iguais aos de lixo orgânico, mas de outra cor. "O resultado tem sido frustrante: no primeiro mês do projeto, nenhum grama do resíduo recolhido pôde ser reciclado", lamenta.

O motivo da impossibilidade de reciclar o material foi a mistura com rejeitos orgânicos, como papel higiênico, por exemplo. Como a coleta dos contêineres é automatizada, o lixo coletado chega já embalado, sem a possibilidade de distinguir o que é material orgânico ou reciclável e, por isso, sem possibilidade de triagem. Como o projeto dos contêineres funciona, hoje, como teste, e tem duração total de um ano, o secretário espera que a população se conscientize mais ao longo do tempo e faça o descarte da maneira correta. Enquanto isso, trabalha na estruturação de uma parceria público-privada dos resíduos sólidos de Porto Alegre, na qual o sistema de coleta de lixo da cidade "mudaria por completo".

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